Fonte: Estadão.
RIO – A produção industrial caiu 2% no mês de julho ante junho, na série com ajuste sazonal, divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado praticamente eliminou a expansão de 2,1% vista pela indústria em junho.
Segundo a consultoria Tendências, com produção industrial fraca há risco de PIB negativo no 3º trimestre. A queda veio dentro das expectativas dos analistas ouvidos pelo AE Projeções, que iam de -0,24% a -2,30%, com mediana de -1,30%.
Na comparação com julho de 2012, a produção subiu 2%. Nesta comparação, as estimativas variavam de 1,43% a 3,80%, com mediana de 2,50%. Em 12 meses, a produção da indústria acumula alta de 0,6% e, no ano, de 2%.
Em julho, houve uma queda de 3,3% na produção de bens de capital, o que dá sinais de que nos próximos meses a economia pode crescer menos. Na comparação com julho de 2012, o indicador registrou alta de 15,2%. No acumulado de janeiro a julho de 2013, houve alta de 14,2%. Já no acumulado de 12 meses, houve alta de 2,4%.
A queda de 3,3% na produção de bens de capital em julho está associada a um nível baixo de confiança do empresário, de acordo com o coordenador da pesquisa, André Luiz Macedo. “A própria recuperação da confiança do empresário de forma bem mais lenta, operando em patamares mais baixos. O Comportamento deste segmento está diretamente relacionado aos investimentos da indústria”, avalia o pesquisador. “Ainda assim, a queda neste mês não elimina a alta de 6,5% em junho, o saldo ainda é positivo”, ressaltou.
No caso dos bens de consumo, a pesquisa registrou queda de 2,6% na passagem de junho para julho. Em relação ao mesmo período de 2012, houve alta de 1,8%. No acumulado do ano, a alta é de 1%, e em 12 meses, a alta chega a 1,2%.
Para os bens intermediários, o IBGE registrou queda de 0,7% na comparação entre julho e junho. Na comparação com julho de 2012, houve alta de 0,2%.No acumulado de janeiro a julho, o IBGE registrou alta de 0,4% e no acumulado de 12 meses, queda de 0,1%.
O IBGE divulgou ainda que o Índice de Média Móvel Trimestral ficou em -0,7%.
Veículos
A queda de 2% na produção industrial de julho foi puxada principalmente pelo segmento de veículos automotores, que apresentou retração de 5,4% na comparação com junho, quando teve alta de 1,8%. Ainda de acordo com o IBGE, a queda na atividade industrial aconteceu de forma generalizada, em 15 dos 27 ramos industriais. Em segundo lugar entre os destaques de queda na produção aparece o setor farmacêutico, com retração de 10,7%, ante alta de 10% em junho.
O setor de refino de petróleo e álcool foi o que apresentou maior alta entre os 11 indicadores que registraram produção industrial maior – 3,3% ante queda de 4,1% em junho. Em seguida, o setor de bebidas teve alta de 2,3%.
Câmbio
A desvalorização cambial ainda não pode ser apontada como uma das razões para a forte queda na produção industrial verificada em julho pelo IBGE. Segundo Macedo, a desvalorização e a volatilidade da taxa de câmbio é recente para ter efeito sobre os contratos da indústria.
“Desvalorização real dá ganho de competitividade para produção local nas exportações, mas nos últimos meses em que aconteceu não está claro os efeitos. Os contratos são definidos com certa antecedência”, explicou o pesquisador. “Tem alguns insumos importados que vão ter impacto nos custos de alguns setores, mas é preciso esperar uma estabilidade da posição cambial para verificar os resultados na pesquisa.”